Joaquim Maria Machado de Assis (21 de junho de 1839 — 29 de setembro de 1908) foi um poeta, romancista, dramaturgo, contista, jornalista e teatrólogo do Brasil, amplamente considerado como o maior nome da literatura brasileira, consideração praticamente unânime entre os estudiosos da área. Sua extensa obra constitui-se de 9 romances e 9 peças teatrais, 200 contos, 5 coletâneas de poemas e sonetos, e mais de 600 crônicas. Notável polímata, além de ser rotulado como psiquiatra, socialista, religioso, utopista, frasista, filósofo, historiador, cético e satirista por diversos escolares, Machado assumiu cargos públicos ao longo de toda sua vida, passando pelo Ministério da Agricultura, Ministério do Comércio e pelo Ministério das Obras Públicas.[4]

A genial obra ficcional de Machado de Assis flertou com o Romantismo (ou Convencionalismo, como preferem certos estudiosos) em sua primeira fase, mas converteu-se em Realismo na segunda, onde sua vocação literária obteve a oportunidade de realizar a primeira narrativa fantástica e o primeiro romance realista brasileiro em Memórias Póstumas de Brás Cubas (sua magnum opus). Ainda na segunda fase, Machado produziu obras que mais tarde o colocariam como o mestre da literatura em primeira pessoa (como Dom Casmurro, que coloca o leitor como escravo apenas da visão do narrador da obra, que também é seu protagonista). Como jornalista, além de repórter, utilizava os periódicos para a publicação de crônicas com as quais demonstrou sua crescente consciência social, comentando e criticando os costumes de sua sociedade como também antevendo as mutações tecnológicas que aconteceriam no século XX, tornando-se uma das personalidades que mais popularizou o gênero no país.

Em seu tempo de vida, Machado já havia alcançado o prestígio de maior escritor da literatura brasileira, conseguindo ser lido por certas figuras da literatura mundial que brilhavam em sua época, tanto na Europa quanto na América do Norte, mas sua reputação póstuma não explorou maior fama em outros países ou continentes pela pouca importância cultural que existe na língua portuguesa. Contudo, isso tem mudado em finais do século passado e na atualidade, onde Machado de Assis começa a ser conhecido e prestigiado na língua inglesa por meios de “boas traduções no mercado”, como sugere Harold Bloom, influente crítico literário que, inclusive, considerou Machado de Assis como o maior gênio da literatura negra e um dos 100 maiores gênios da literatura mundial. Gregory Rabassa, tradutor de obras em português e em espanhol para o inglês, tendo finalizado a tradução de Quincas Borbas e, em 1996, a de Memórias Póstumas, coloca Machado de Assis num patamar ainda maior, ao lado de nomes como Dante, Cervantes e Shakespeare, além de compará-lo com Laurence Sterne pela suavidade e fluência, e com Borges pela ambuiguidade.

Como praticamente todos os gênios das épocas passadas, a vida de Machado de Assis é um mistério e, por isso, criou-se ao longo dos anos muitas histórias e lendas a respeito dela. No entanto, sabe-se que Machado foi um dos fundadores e o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, instituição que ajudou a idealizar aos moldes da Academia Francesa. No Brasil, Machado é leitura obrigatória em qualquer Vestibular para Universidade Nacional e sua obra tem sido freqüentemente analisada e comentada pelos estudiosos do mundo, além de revisada para o cinema e para a literatura de outros autores. Caracterizado pelo universalismo, o psicologismo, o pessimismo, a profundidade, a modernidade e, muito principalmente, pela ironia e o humor negro, Machado construiu seu intelecto de maneira autoditada, influenciado por Schopenhauer, Maistre, Sófocles, Dickens, Pelletan e influindo todas as gerações seguintes do Brasil, visivelmente escritores como Drummond, Scliar, ascendendo, assim, da vida pobre à título de "patrono da língua".

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